Fernando José Coelho Pessoa da Silva Campos, 56 anos de idade, natural de Cabanas de Viriato, comandante do quadro activo da corporação de bombeiros da sua terra, recebeu a Medalha de Serviços Distintos Grau Ouro, da Liga dos Bombeiros Portugueses, no passado dia 13, na sessão solene das comemorações do 80.º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cabanas de Viriato.

Ingressou neste corpo de bombeiros em 10/3/1971 com o posto de Aspirante, tendo passado pelas categorias de 3ª, 2ª e 1ª até ao dia 14 de Setembro de 1985, data em que assumiu as funções de Comandante, até 1986. Regressou em 1999 para o cargo de Adjunto de Comando, até 2009. Em 01 de Junho de 2006 assumiu o comando do corpo activo, até aos dias de hoje.

Na leitura do merecimento daquela medalha, foi dito:

«Homem determinado, empenhado, competente, às vezes duro, mas muito justo, assumiu um papel preponderante na construção do novo quartel, fazendo tudo o que estava ao seu alcance para que esse sonho fosse realidade. É respeitado pelo seu Corpo Activo e pela sua Direcção, não porque se impôs, mas sim pela forma como toma conta da casa dos seus bombeiros com a mesma entrega com que um pai cuida e protege os seus filhos e como um marido estima a sua esposa. Passam por si todas as mais diversas decisões e também muitos dos grandes projectos que permitem aos Bombeiros Voluntários de Cabanas de Viriato orgulharem-se de tudo o que hoje têm e de tudo o que foram conquistando, nomeadamente o respeito da população de Cabanas de Viriato e dos camaradas de outros comandos de bombeiros do distrito e até do país. Acredita e aposta na juventude que tem na sua corporação e a prova disso é que está sempre na linha da frente em todos os projectos que a JuveBombeiro de Cabanas de Viriato lhe apresenta. Orgulhamo-nos do Comandante que temos, um Homem que se entrega a esta causa com garra e abnegação, muitas das vezes estão os bombeiros à frente de todas as suas prioridades. Conquista atrás de conquista nos bombeiros de Cabanas de Viriato tem a sua marca e o seu empenho

Justificando-se plenamente, o Defesa da Beira fez-lhe a seguinte entrevista:

Defesa da Beira (DB) – Que significado tem para si a medalha de serviços distintos grau ouro com que foi distinguido pela Liga de Bombeiros?

 

Fernando Campos (FC) – Foi para mim uma surpresa, pois não a esperava. Tudo o que faço não é para me agradecerem. No entanto, estou grato à minha Direcção por ter proposto esta distinção.

 

DB – A entrega da medalha pela sua mulher teve gosto diferente do que se fosse entregue pelo secretário de Estado ou outra individualidade?

 

FC – Sim, tem um gosto diferente, pois a minha família, mais concretamente a minha esposa, tem sido sacrificada com a minha ausência.

 

DB – Foi apontado como a pessoa que mais se empenhou na construção do novo quartel. Qual a realidade dessa afirmação?

 

FC – Sem querer louros, é de facto uma realidade. Era um sonho de tantos anos que assim que surgiu a oportunidade tentámos agarrá-la com unhas e dentes, sempre em sintonia com o Presidente e a Direcção. Foram vários os obstáculos que ultrapassámos e tentei sempre que o nosso quartel fosse o mais operacional possível.

 

DB – É um comandante satisfeito com as condições de que dispõe para um bom desempenho da sua corporação?

 

FC – Posso afirmar que sim, faltando apenas uns pequenos ajustes.

 

DB – O que é que isso pressupõe?

 

FC – Pressupõe a aquisição de um veículo urbano de combate a incêndios florestais, a renovação de duas ambulâncias devido à sua idade e a construção de um alpendre onde possamos fazer as reparações das viaturas. Lembro, a propósito, que fazemos no quartel a maior parte das reparações e pinturas do parque auto.

 

DB – Ao fim de 44 anos de bombeiro e de 10 anos de comandante, o que aspira ainda na continuidade do comando da sua corporação?

 

FC – Para já, a conclusão do que acabei de afirmar, ou seja, a aquisição daquele veículo de combate a incêndios florestais, a renovação das ambulâncias e a construção do alpendre.

 

DB – Que momentos mais marcaram o seu longo e próspero percurso de bombeiro?

 

FC – Em termos operacionais, foi o acidente ferroviário em Alcafache e o desastre do autocarro em Santa Comba Dão. No entanto, o ponto alto foi a inauguração do novo quartel, em Setembro de 2011.

 

DB – Sacrifica alguma coisa da sua vida particular para se entregar tanto ao voluntariado de bombeiro?

 

FC – É lógico que sim, em termos pessoais, familiares e de trabalho. Não sou comandante a tempo inteiro, sou voluntário.

 

DB – Tendo o seu filho como adjunto, vê nele um potencial futuro comandante desta corporação?

 

FC – Sim. Além do seu trabalho, é formador da Escola Nacional de Bombeiros, o que lhe traz bastantes conhecimentos. Com a experiência que vai adquirindo ao longo dos anos, será certamente potencial futuro comandante

 

DB – Como quer que seja vista esta aproximação familiar de pai e filho no Comando?

 

FC – Como dois elementos de Comando que tentam cumprir a sua missão como profissionais.

 

DB – Tendo essa possibilidade aqui, o que gostaria de acrescentar como bombeiro e comandante?

 

FC – Gostaria de expressar aos meus bombeiros o meu agradecimento pela compreensão, apoio e trabalho desenvolvido. Foram e são muitas as dificuldades que todos os dias ultrapassamos, o que só é possível pelos homens que me acompanham de forma voluntariosa e abnegada. Por último, deixar ainda um apelo aos mais jovens para se inscreverem como bombeiros.